ETERNO, é tudo aquilo que dura uma fracção de segundo, mas com tamanha intensidade que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Verdades...


as luzes se apagam...

o teatro termina.

A vida se mostra crua como ela é,
sem rodeios, sem delongas, sem receio,
sem vergonha.

as palavras assumem sentido de nada,
os medos tomam conta da alma trazendo
os fatos indesejados.

O coração lateja.

As pálpebras se fecham diante da verdade sem explicação,
o medo assume o lugar da razão,
a vida rodopia, sem direcção,
neste breve momento em que tudo se perde

e os lugares passam a ser desconhecidos,
os olhares passam a conter malícia,
os amigos mudam de status,
alcançam as estrelas,
e derrubam o céu sobre meus ombros.

E com a insensatez absurda, eu choro,
diante de imagens, de objectos, de saudades,
eu sinto o peso do mundo sobre mim,
meu mundo, caído, cálido, cruel,

ciumento,

com medo de perder o que já não se tem mais.

E as cortinas se abrem.

Mostrando os actores nus
sua pele à mostra, sua libido,
a face rubra, os medos à mostra
ao julgamento alheio, ao desdém.

ao esquecimento.

E a música se inicia:

Mostrando que o ponto passou,
o retorno se foi, as esperanças minguam,
o fantasma chora sozinho, mais uma vez.
Conhece a peça, conhece o final,
com actores de nova linhagem
a dor das outras apresentações se repetem,
iguais, idênticas, idênticas.

E o fantasma chora,

a repetição é doída, o monólogo se repete,
as máscaras são iguais e tão diferentes!
os medos são tão semelhantes,
que tudo parece ser igual, de repente.

Como se tudo fosse escrito, um roteiro.
onde o fim jamais chega e sempre chega,
levando amores e trazendo amores,
levando dores e trazendo dores,
levando imagens e trazendo imagens,
deixando um rastro de sangue,
um rastro de lágrimas

que se estende de ti aos meus pés,

numa linha, antes recta, hoje tão torta
que se perde o caminho,
faz uma interrogação
termina num "não"
e deixa no vazio

um sentimento tão puro,
e acaba.
Sem me deixar escrever,
uma última vez o que repeti sempre,
que te amo.


1 comentário:

  1. Gosto de te ler... Adorava conseguir escrever assim um terço daquilo que escreves... Adoro

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